Quem é Lohan Ramires, influenciador detido nos Emirados Árabes Unidos que ostenta vida de luxo nas redes sociais
16/09/2025
(Foto: Reprodução) Lohan é é condenado pelos crimes de tráfico de drogas, associação criminosa, lavagem de dinheiro, falsidade ideológica, dentre outros delitos
Reprodução/Redes Sociais
Nascido em Uberlândia no dia 17 de março de 1993 e pai de dois filhos, Lohan Ramires de Souza Santos era um vendedor de celular, que soma mais de 600 mil seguidores nas redes sociais e que segundo o Ministério Público de Minas Gerais (MPMG), ostenta uma vida de luxo nos Emirados Árabes Unidos. Ele foi detido no dia 1º de setembro após entrar na lista da Interpol.
Ele é considerado foragido da Justiça brasileira após ser condenado em processos criminais relacionados à Operação Má Influência, em Uberlândia. Ele é condenado pelos crimes de tráfico de drogas, associação criminosa, lavagem de dinheiro, falsidade ideológica, entre outros delitos.
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Segundo o MPMG, os processos transitaram em julgado, ou seja, não cabem mais recursos, e Lohan estava em situação de fuga internacional.
Em nota, o advogado de defesa, Diego Ferreira de Matos negou que Lohan esteja foragido e que o a motivação da saída do Brasil foi um convite de trabalho feito por um amigo e que durante a estadia nos Emirados Árabes Unidos, precisou renovar o passaporte. Leia a nota completa abaixo.
Viagens e carros de luxo
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Nas redes sociais, Lohan Ramires também ostenta viagens para praias do sudeste e nordeste, e cidades do Rio Grande do Sul. Passeios de lancha e moto aquática na Represa de Miranda, em Uberlândia, também são frequentes nas publicações.
Dentre os bens que já foram bloqueados do influenciador durante a Operação "Má Influência", realizada em 2022, está uma BMW avaliada em mais de R$ 400 mil. O carro chama a atenção pelos bancos em couro vermelho e cinto de segurança de uma grife italiana. Itens opcionais escolhidos por Lohan que custaram mais de R$ 22 mil.
Uma Dodge Ram avaliada em mais de R$ 400 mil também foi apreendida durante a Operação e foi transformada em uma viatura do Corpo de Bombeiros.
Viatura do Corpo de Bombeiros era carro de influenciador em Uberlândia
g1
Detido nos Emirados Árabes Unidos
Com o nome na lista de procurados da Interpol, o influenciador foi detido nos Emirados Árabes Unidos. Segundo o advogado de Lohan, Diego Ferreira de Matos, ele foi detido em 1º de setembro ao renovar o passaporte, permanecendo preso até o dia 4, quando foi liberado após pagar fiança de R$ 2895,80.
O g1 entrou em contato com o Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) que não confirmou se o influenciador foi liberado ou permanece detido.
A reportagem também entrou em contato com a Polícia Federal para saber como é feita a renovação de passaporte brasileiro fora do país, mas não houve retorno até a última atualização da matéria.
De acordo com o Ministério Público, agora serão realizados os trâmites burocráticos para que Lohan Ramires seja transferido para o Brasil, onde cumprirá as penas já impostas pela Justiça.
Lohan Ramires era vendedor de celulares e afirmava ser influenciador digital, com mais de 600 mil seguidores nas redes sociais
Reprodução/Redes Sociais
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Na mira das investigações
A primeira operação em que Lohan Ramires foi alvo ocorreu em agosto de 2021, com objetivo de combater uma organização criminosa voltada para a prática de tráfico de drogas, receptação, estelionato e lavagem de capitais.
Na ocasião, a Justiça expediu 46 mandados de busca e apreensão, 28 mandados de prisão preventiva, além de indisponibilidade de 14 imóveis e sequestro de 27 veículos e duas embarcações náuticas.
A condenação expedida na quarta é decorrente dessa operação. Segundo a denúncia do Ministério Público de Minas Gerais (MPMG), Lohan participou do processo de lavagem de valores obtidos com o tráfico de drogas e outros crimes.
Segundo a Polícia Civil, durante a operação "Diamante de Vidro", os investigadores encontraram indícios de tráfico de drogas. Com isso, em maio de 2022, Lohan foi preso durante a operação "Má Influência".
O MPMG apontou que ele adquiria anabolizantes de uso controlado com o objetivo de vendê-los em Uberlândia.
Ele também usava dados de pessoas em notas fiscais ideologicamente falsas, despistava a ação das autoridades de fiscalização sanitária e aumentava a clientela do médico Leonardo Pinder, que atuava no ramo da nutrologia.
Em um imóvel de Lohan foram apreendidos anabolizantes, joias, bens de alto valor, uma caminhonete, um carro, além de dinheiro em espécie.
Na época, o irmão de Lohan, Arthur Ramires, e a mãe deles, Cláudia Pacheco, também foram detidos.
O médico Leonardo Pinder Fontes, também condenado, foi apontando nas investigações como o responsável por emitir receitas para que Lohan vendesse os medicamentos.
Ele foi sentenciado a 11 anos e 5 meses de prisão, mas também está foragido, segundo o MPMG.
O g1 procurou o advogado de Leonardo, Sergio Silva, que afirmou que não há prova pericial que comprove a existência da substância entorpecente imputada na denúncia. Veja a nota completa abaixo.
Delegado-chefe da Polícia Civil à época, Marcos Tadeu de Brito Brandão, afirmou que Lohan "utilizava as redes sociais para se autopromover e alegava que o sucesso era em razão de bênçãos divinas".
Por conta dessa operação, o influenciador foi condenado a mais de 18 anos de prisão por tráfico de drogas, associação criminosa e falsidade ideológica.
Lohan Ramires ostenta vida de luxo em suas redes sociais
Reprodução/Redes Sociais
Em junho de 2023, após passar um ano preso, Lohan Ramires deixou o presídio através de um habeas corpus.
Porém, no mês seguinte, ele voltou ao sistema prisional depois que investigações apontaram que ele integrava um esquema montado dentro de presídios para matar autoridades de segurança pública. A operação "Erínias" prendeu Lohan e mais nove pessoas de forma preventiva.
Segundo o MPMG, delegado, promotor, investigador e outros agentes de segurança estavam na lista de possíveis vítimas do grupo.
Trinta dias depois, ele deixou novamente a cadeia depois do término do período de prisão preventiva.
O que diz a defesa
"Na condição de advogado do Sr. Lohan Ramires de Souza Santos, cumprimento Vossas Senhorias, para prestar os seguintes esclarecimentos:
Inicialmente destaco que o Sr. Lohan não está foragido como mencionado, o que motivou sua saída do país foi uma proposta de trabalho que está sendo executada nos Emirados Árabes. Lohan deixou o país antes do trânsito em julgado da decisão que expediu o mandado de prisão em seu desfavor. Portanto, quando não havia condenação confirmada.
Outro ponto que merece destaque é o fato de que após detido nos Emirados Árabes, aquele país, ao analisar as provas do seu processo, entendeu pela fragilidade probatória, e concedeu a liberdade mediante fiança de menos de R$ 3.000,00 (três mil reais), fiança esta que está muito aquém de valores em casos semelhantes.
Sobre a condenação, entendemos ser absurdamente injusta, e, após assumir este processo, identificamos erros grosseiros, alguns aparentemente intencionais, cometidos pela autoridade policial, pelo Ministério Público, pelo magistrado sentenciante e, principalmente pelas defesas que oficiaram no processo, com graves demonstrações de que houve um conjunto absurdo de falhas, o que levou à distribuição de Ação de Revisão Criminal onde acreditamos alcançar a absolvição do Sr. Lohan de todos os crimes a que foi denunciado.
Uma condenação por tráfico de drogas em um processo em que o próprio laudo atesta a inexistência de drogas e, por incrível que pareça, ninguém viu isso, ou viram e fingiram não ver, que continua ecoando na vida do Sr. Lohan.
Relembremos, ainda, o episódio lamentável da ocasião em que Lohan foi falsamente acusado de ter participado de um suposto esquema de atentado contra autoridades desta Cidade, ocasião em que foi preso injustamente mais uma vez e que ficou no esquecimento tanto das autoridades quando da imprensa. Lohan Ramires nunca praticou tráfico de drogas, mas foi vítima de uma injusta e covarde perseguição que em breve será corrigida.
Confiamos na Justiça!"
O que diz a defesa de Leonardo
"A defesa de Leonardo Pinder Fontes vem a público, diante da prisão de Lohan Ramires no exterior e das declarações de seu advogado, prestar esclarecimentos. No processo em que Leonardo foi condenado, não há prova pericial que comprove a existência da substância apontada na denúncia. O laudo preliminar apenas descreveu embalagens, o definitivo não constatou somatropina e o próprio promotor reconheceu a necessidade de prova técnica. Ainda assim, a condenação ocorreu sem comprovação científica, em desacordo com o entendimento do STF e do STJ.
A defesa também demonstrou que todas as receitas eram de somatropina em doses terapêuticas, não houve venda a terceiros e os laudos não comprovaram a substância, mas a sentença não analisou esses pontos, violando o dever constitucional de fundamentação. As prescrições foram destinadas apenas a Lohan Ramires, que usou dados de terceiros sem o conhecimento de Leonardo. Nenhum objeto ilícito foi apreendido, nem houve interceptações ou movimentações suspeitas, e a condenação se baseou em presunções.
Sobre as declarações do advogado de Lohan, a defesa reforça que sempre questionou a validade do laudo e que não há respaldo para a alegação de que teria “escapado” do tema. Em Revisão Criminal, parte dos desembargadores reconheceu que o laudo definitivo foi negativo e que não havia prova da materialidade, mas, por maioria, o pedido foi negado, revelando a controvérsia jurídica sobre a condenação.
A defesa conclui que ninguém pode ser condenado com base em suposições. No Direito Penal, é indispensável a existência de prova pericial positiva, e quando ela não existe, a única solução jurídica é a absolvição."
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